domingo, 27 de janeiro de 2008

Acrilírico

Composição: Caetano Veloso/Rogério Duprat

Olhar colírico
Lirios plásticos do campo e do contracampo
Telástico cinemascope teu sorriso tudo isso
Tudo ido e lido e lindo e vindo do vivido
Na minha adolescidade
Idade de pedra e paz

Teu sorriso quieto no meu canto

Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade

Diluído na grandicidade
Idade de pedra ainda
Canto quieto o que conheço
Quero o que não mereço
O começo
Quero canto de vinda
Divindade do duro totem futuro total
Tal qual quero canto
Por enquanto apenas mino o campo ver-te
Acre e lírico o sorvete
Acrilíco Santo Amargo da Putrificação

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Donizete Galvão : A Poesia ao Rés da Rua

A poesia que se instala ao rés da rua, na concretude do cotidiano Busca as "evidências pedestres". Poesia que fala do que é "finito e matéria". Trata do embate dos poetas com a cidade, sua arquitetura, os subúrbios, os resíduos, o ruído urbano, as ruínas. O curso abordará poemas de André Luiz Pinto, Fabio Weintraub, Paulo Ferraz, Ruy Proença, Sérgio Alcides e Tarso de Melo. O que acham, o que perdem, o que recusam nas suas andanças.

De 21 a 23 de janeiro, das 19 às 21h - curso



Leitura de poemas com a presença de André Luiz Pinto, Diniz Gonçalves Jr., Donizete Galvão, Fábio Weintraub, Paulo Ferraz, Ruy Proença, Sérgio Alcides e Tarso de Melo.



24 de janeiro, às 19h

Biblioteca Alceu Amoroso Lima

Av. Henrique Achumann , 777

Pinheiros - São Paulo - SP

domingo, 20 de janeiro de 2008

Tudo Veludo
(Lobão- Bernardo Vilhena)

Quando você quer ser mais do que eu
Querendo ser mais do que eu sou eu
Não tem sentido sorriso, palavra
Nada é capaz de fazer voltar a mim
E eu estou aqui
Só com o meu desejo
E você morena, morena, antena e raiz
Tem certas coisas que a gente não diz
Mas eu perdi o jeito
O jeito de ser
Tua tristeza e tua beleza
São coisas do mundo
Como tem danças da vida
Tem danças da dor
Tudo veludo
Tudo tudo tudo tudo
Tudo azul na noite.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Remelexo - Caetano Veloso

Que menina é aquela
Que entrou na roda agora
Eu quero falar com ela
Ninguém sabe onde ela mora
Por ela bate o pandeiro
Por ela canta a viola
Enquanto ela está sambando
Ninguém mais entra na roda
Enquanto ela samba
As outras ficam do lado de fora
E quando ela pára
O samba se acaba na mesma hora
Valha-me Deus! Se ela pára o samba
E vai-se embora
Eu quero falar com ela
Ninguém sabe onde ela mora
Ninguém sabe sua janela
Ninguém sabe sua porta
Quem sabe se ela é donzela
Quem sabe se ela namora
E depois o samba acaba
E ela fica na memória
Por ela bate o meu peito
Por ela a viola chora
Que menina é aquela
Que entrou na roda agora
Ninguém sabe nessa terra
Me contar a sua história
Que menina é aquela
Que entrou na roda agora
Ela tem um remelexo
Que valha-me Deus! Nossa Senhora!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Mônica de Aquino

A um átimo
do amo-te
temo-te.

A um istmo
do íntimo
mente.

De cor, somente
o silêncio
(continente).

E a linguagem,
cortejo
(périplo).

Mas o amor:
arquipélago.

Mônica de Aquino

Ser mínima.

Cortar cabelo
unha pele
mas sem o cálculo da cutícula.

Despir-me de tudo
o que não dói.

Ultrapassar toda a carne
e roer osso –
canina –
roer o rabo.

Roer, ainda,
os próprios dentes
agudos
rentes

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008