sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Guardanapos de Papel (Biromes y servilletas)

( Léo Masliah / Carlos Sandroni )

Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Ondem vivem com seus pares, seus pares
Seus pares e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olhereiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
Partidas entre mortos e feridas, feridas
Feridas mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas fundidas
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glórias nem medalhas, se contetam com migalhas, migalhas,
migalhas
De canções e brincadeiras com seus versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
Projetos, projetos, que jamais são alcançados
Alcançados, cansados, cansados, mas nada disso
Importa enquanto eles escrevem, escrevem
Escrevem o que sabem o que não sabem
E o que dizem o qu não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retorcendo-se confusas, confusas
Confusas, em delgados quardanapos feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas lunáticas
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo para depois voltar pro Rio de Janeiro

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